Pode imaginar um hidromel de cor negra, que se assemelha a uma taça de café? No nariz os aromas tal qual o de um cappuccino? Este é o hidromel Bouchet.

Este estilo muito particular é elaborado com mel queimado (ou caramelizado, como queiram), o que confere ao hidromel uma cor escura, aromas de tostados que com o tempo vai passando para toffee e cappuccino. Eu sou fã do estilo, tenho produzido já a um certo tempo e sou feliz por te-los por perto!
Para produzir um Bouchet você deve ter um mel de qualidade (sempre!) e colocá-lo ao fogo até que ele comece a caramelizar. Porém, deve-se tomar muito cuidado nessa etapa, pois o mel quando ferve produz bolhar que estouram e saltam fora da panela e essas bolhas causam queimaduras bem sérias. Experiência própria.
Você vai queimar o mel até dar o ponto que o paladar dele te agradar, quero dizer, não deixe o mel em um estado que você não o consumiria. Eu já cheguei a queimar o mel por quatro dias (fervia uns 30 minutos cada dia) até que chegou ao ponto que eu queria.
Para este tipo de hidromel tenho usado o fermento RedStar Pasteur Champagne e estou satisfeito com ele. Outra coisa que tenho misturado no meu mosto o mel queimado com mel cru, pois somente o mel queimado deixa muitos aromas tostados e fica enjoativo (mel ponto de vista) e o mel cru ajuda a diversificar os aromas. Você também pode considerar colocar especiarias (cravo e canela aqui vão bem!). É um hidromel que pede um tempo de envelhecimento não tão longo, provei alguns que estavam muito bons com 6 meses de idade, mas que prometem melhorar muito com mais tempo de garrafa.
Este é um estilo bem diferente que agrada a quem gosto da sabores levemente amargos, tostados e que lembram café. É fácil de produzir e pode ser um alternativa para criar algo diferente do tradiconal!
Segue uma receita para vocês:
Ingredientes:
- 7 litros de água
- 2,6 kgs de mel de boa qualidade
- Fermento RedStar Pasteur Champagne
- 3 gramas de nutrientes para leveduras
Preparo:
Pegue metade do mel e coloque em uma panela grossa e de preferência funda para evitar que o mel fervente pule para fora e atinga quem está alí, coloque ao fogo baixo e mexa sem parar até que o mesmo comece a ferver, não pare de mexer. Monitore constantemente o aroma do mel e pare de ferver assim que atingir o ponto que mais te agrade.
Pegue agora o fermentador que você limpou maravilhosamente bem, desinfetou e deixou completamente livre de fontes de contaminação, coloque a água e misture o mel. Tanto o queimado quanto o mel cru. Aqueca o mel em banho maria se desejar, isso faz com que ele se dissolva mais facilmente na água.
Prepare o fermento de acordo com as instruções do fabricante e quando o mosto estiver a cerca de 30-40°C coloque o fermento. Retire cerca de 100 ml do mosto, coloque metade do nutriente para leveduas, mexe bem e coloque novamente no mosto. Oxigene o seu mosto da melhor maneira que conseguir, batente, mexendo, liquidificando uma porção e devolvendo ao mosto, enfim. O importante é prover oxigênio para as leveduras.
Lacre bem o fermentador. No dia seguinte, coloque o restante dos nutrientes e volte a lacrar. A partir daqui é só seguir o processo normal para cuidar do seu mosto (fermentação primária, trasfegas, decantacao, etc).
Boa sorte e boas fermentações!!!
Luis Felipe de Moraes – Pompeia Hidromeis
Agora que vi este seu post sobre hidromel com mel queimado.
O meu está fermentando a 1 mês e meio (já na segunda fermentação, fiz uma trasfega com 1 mês)
Provei um pouco com 1 mês, e já achei super agradável. Acrescentei marcela e casca de laranja amarga no meu. Por coincidencia usei o mesmo fermento que tu usastes, pois foi o único indicado para hidromel que achei na webstore.
Já penso no segundo lote, pois este 1º foi apenas teste, fiz pouco mais de 4 litros.
Abração.
Boa! Esse estilo aceita uma quantidade enorme de adjuntos! É só usar a criatividade! Boa sorte nas fermentações aí! Abraço
Luis, tenho algumas dúvidas sobre o Bouchet.
Adoro a idéia de um hidromel com mel queimado, e vou fazer um novamente em breve, mas quero mudar algumas coisas.
Quando o fiz, achei ele meio seco demais e sem corpo. Mas usei bastante mel nele.
Era meu 1º hidromel, não usei densímetro, foi tudo no olho.
A levedura foi a mesma do post.
O que eu quero: um hidromel com bom corpo, equilibrado, com toques tostados, com leve dulçor apenas.
Qual seria a gravidade inicial ideal?
E sobre leveduras. Uma com tolerância alcoólica mais baixa poderia funcionar bem? Pensei que talvez pela alta tolerância da Pasteur Champagne, ele tenha ficado mais seco, não?
Pesquisei, e algumas pessoas usaram a Côte des Blancs, que tolera até uns 14%. Será que poderia dar um bom resultado?
Quero elaborar bem a receita antes, pra ficar o melhor possível.
Grato pela atenção.
Abração!
Fabio